domingo, 21 de julho de 2013

Onde ler bons fanzines

***A Editora Marca de Fantasia (http://www.marcadefantasia.com), de Henrique Magalhães (um dos dois maiores gurus do mundo dos fanzines, o outro é Edgard Guimarães) é um verdadeiro parque de diversões de fanzines, com dezenas de publicações uma melhor do que a outra, com diferentes focos mas tendo a HQ como pano de fundo. Entre as diversas searas da Marca, entre os recentes lançamentos destaco três:
O rebuliço apaixonante dos fanzines
O rebuliço apaixonante dos fanzinesHenrique Magalhães
Série Quiosque, 27, 3a. ed.
João Pessoa: Marca de Fantasia: 2013. 128p. 13x19cm. R$20,00.
ISBN 978-85-7999-077-9
Adaptação da dissertação de Mestrado de Henrique Magalhães, defendida em 1990 na Escola de Comunicação e Artes da USP, São Paulo. O texto aborda a história dos fanzines desde sua origem, no final da década de 1920 nos Estados Unidos, mas estuda prioritariamente a produção brasileira, desde 1965, quando iniciou-se, até o final da década de 1980.
A história dos fanzines no Brasil começa com dois boletins editados simultaneamente em 1965, O Cobra, da I Convenção de Ficção Científica, realizada em São Paulo e Ficção, este dedicado aos quadrinhos e editado em Piracicaba por Edson Rontani. Além de definir o termo fanzine, o livro classifica esses magazines em vários gêneros, como fanzines de música, literários, de cinema, além de quadrinhos, estes merecendo uma atenção especial do autor.
Por fanzine, entende-se as publicações amadoras, sem fins lucrativos, feitos muitas vezes de forma artesanal (com colagens, impressos em mimeógrafos ou fotocópias). São editados quase sempre em pequenas tiragens e servem para a expressão livre de seus editores a respeito de qualquer arte ou hobby. No Brasil, a maioria é feita por indivíduos, que mantêm entre si um forte intercâmbio de publicações e informações, criando uma verdadeira rede de comunicação e estreitando os laços de amizades. Os fanzines servem para a crítica das publicações do mercado, para o lançamento de novos autores e para as experimentações gráficas.
Além da história dos fanzines, Henrique descreve seus momentos de esplendor e crise, até a incansável busca de perspectivas e saídas para a produção. A introdução do livro faz uma reflexão teórica sobre imprensa alternativa e as publicações reflexivas do mercado. Traz ainda informações sobre o processo de produção dos fanzines e a descrição de dois fanzines-chave para esse gênero de publicação: Quadrix, de Worney A. de Souza, e O Grupo Juvenil, fanzine de nostalgia dos quadrinhos editado por Jorge Barwinkel.
Apesar de o trabalho ter o recorte temporal até o final da década de 1980, aponta as tendências que se confirmariam no decorrer da década seguinte, como a retomada da produção e o aperfeiçoamento técnico com a disseminação da informática.
Parte desse livro foi editado em 1993 pela editora Brasiliense, na coleção Primeiros Passos, com o títuloO que é fanzine. Em 2003 a Marca de Fantasia lançou O rebuliço apaixonante dos fanzines, com o texto completo da dissertação, enriquecendo-o com ilustrações. Tanto a edição da Brasiliense quanto a da Marca de Fantasia tiveram grande acolhida do público, formado principalmente por estudantes de Comunicação Social. Esgotadas essas edições, em 2011 saiu a versão digital do livro, que agora é retomado em edição impressa, com ampla revisão e reformulação estrutural.

A terceira onda
A terceira ondaHenrique Magalhães (org.)
Série Corisco, 9, 3a. ed.
João Pessoa: Marca de Fantasia: 2013. 32p. 14x20cm. R$6,00.
ISBN 978-85-7999-079-3
Quadrinhos paraibanos rumo à profissionalização
Em 1963, em Campina Grande, o pioneirismo de Deodato Borges fez surgir O Flama, primeiro personagem e revista em quadrinhos da Paraíba. No início da década de 1970, em João Pessoa, aconteceu o que podemos chamar de “primeira onda”, com a passagem de nossos jornais da impressão “a quente”, para a offset. Uma série de personagens surge, então, da pena do próprio Deodato Borges (Planeta Maluco), Richard Muniz (Shangai), Luzardo Alves (Bat-Madame), Marcos Tavares e Juca (Adub, o camelo) invadindo nossa imprensa diária e a imprensa alternativa.
O lançamento dos suplementos dominicais O Norte em Quadrinhos, do jornal O Norte, a partir de 1975, e O Pirralho, de A União, a partir de 1976, detonou a “segunda onda”, com inúmeros quadrinistas despontando com seus heróis e heroínas em tiras e HQ de aventura e humor. Esta fase durou até o final da década de 1970, com alguns autores persistindo, em seguida, na publicação de tiras diárias.
Também nesse período viu-se florescer um sem número de revistas alternativas: Emir ribeiro lançou uma série com a personagemVelta; Henrique Magalhães produziu uma dezena de revistasMaria; Deodato Borges e Filho fizeram circulara a HQ. Essas revistas continuaram saindo até o início dos anos 80, com algumas experiências de publicações coletivas, como as revistas Gran Circus e Leve Metal. Os fanzines vieram, então, substituir as revistas, abrindo um espaço reflexivo fundamental para o amadurecimento dos quadrinhos paraibanos.
A “terceira onda” começou ainda na década de 1980, mas tem se consolidado nos anos 90, com os quadrinistas atingindo a profissionalização. Cristovam Tadeu e Henrique Magalhães ampliam a criação de personagens e ocupam espaço em revistas e jornais diários da Paraíba. Deodato Filho e Emir Ribeiro invadem os Estados Unidos, produzindo um trabalho de reconhecida qualidade dentro do universo dos super-heróis e conquistam o público estadunidense.
Esta brochura é uma pequena amostra da produção dos autores dessa “terceira onda”, o registro de um momento de transição que poderá abrir perspectivas ilimitadas para os quadrinhos paraibanos.
Nota à 3a edição: Esta edição procura ser o mais que possível fiel à original, reproduzindo os textos com breve revisão gramatical, mantendo o contexto em que foi publicada, no que tange ao seu recorte temporal.

Toscomics
Toscomics
Samanta Flôor
Série Café Espacial apresenta, n. 1. João Pessoa: Marca de Fantasia: 2013. 60p. 14x20cm. R$12,00.
ISBN 978-85-7999-073-1
Tosquices em quadrinhos
A Editora Marca de Fantasia e a Café Espacial se unem para servir uma nova série de álbuns: Café Espacial apresenta. Como uma deliciosa xícara de histórias em quadrinhos autorais, a série é uma proposta da editora de dar destaque a autores da Café Espacial. E a estreia é com a quadrinhista gaúcha Samanta Flôor.
Formada em Arquitetura, Samanta Flôor seguiu sua paixão por ilustração e fez pós-graduação em Expressão Gráfica pela PUC-RS. A artista trabalha como ilustradora freelancer desde 2008, mas nunca deixou de criar trabalhos autorais, inicialmente sempre inspirada em seu próprio cotidiano.
A série de humor escrachado que ela mesma intitulou de Toscomics, apresenta quadrinhos para quem gosta do melhor das tosquices – ou para quem gosta de “toscos” de qualidade. São histórias em quadrinhos que misturam fatos corriqueiros do dia-a-dia quase sempre autobiográficos. Quase.
Café Espacial apresenta n. 1: Toscomics traz uma seleção dos melhores trabalhos de Samanta desde sempre. De antigos a novos, dos já conhecidos da internet aos inéditos, a publicação reúne quase que de forma cronológica os trabalhos dessa talentosa quadrinhista.
Leve e divertido, como a vida deve ser. Esse é o resultado da leitura desses quadrinhos “toscos”. 

Você pode baixar também, gratuitamente, as edições do zine Imaginário (literatura de quadrinhos) o clássico zine Nho Quim, editado nos 90 pelo Henrique, além da última edição do zine Top!Top! Fica a dica para você ler o verdadeiro quadrinho alternativo, desta editora combativa e artesanal do Magal.

***O QI de Edgard Guimarães, passou das 100 edições, sempre de forma inspirada e é um fanzine indispensável. Quem conheçe o Edgard sabe do que estou falando, o cara que criou o zine Psiu e depois os criativos Psiu Mudo, Deus e Ecológico, mereçe todos os nossos créditos. Além de variados artigos, o zine lista a  maioria das publicações independentes que rolam no país, sempre acompanhado de bons quadrinhos, tiras e cartuns, além de debates importantíssimos, como o declínio dos zines de quadrinhos, tema das últimas edições. Faça a sua assinatura por seis edições ao custo de R$ 20,00 com o Edgard (e-mail edgard@ita.br ou escrever para Rua Capitão Gomes 168 – Brasópolis/MG – CEP 37530-000)

***Em http://omundodemarco.blogspot.com.br/ você encontrará o universo de Marco Müller, o cara que editou nos anos 80 e 90, entre outros, o zine Mutação. Pois não é que no site você pode baixar todas estas maravilhas ( além do Muta, Loucotipo, de Wally Vianna, X-TRO, de Law, Humanoide e Novo Humanoide, entre muitos outros) além de matar a saudade do Agente 86, Tunel do tempo e da época dourada de hollywood. Este blog está entre meus favoritos. Valeu Marco e volta Mutação!!!

***Juvenatrix (http://juvenatrix.blogspot.com.br/) é um zine de ficção fantástica editado opor Renato Rossati, disponibilizado gratuitamente através de e-mail (peça o teu) O zine é excelente e quem gosta do tema, é imperdível. Vamos a apresentação nas palavras do próprio editor: "Tanto o “Juvenatrix” quanto o “Astaroth” são fanzines voltados para o universo fantástico, ou seja, o Horror e a Ficção Científica em todas as suas manifestações artísticas como o cinema, literatura, quadrinhos, ilustrações, através de contos, artigos, resenhas ou textos diversos. O início na arte da “fanzinagem” ocorreu em novembro de 1988 na co-edição do “Megalon” (nome de um dos monstros dos antigos filmes japoneses de horror), juntamente com o amigo Marcello Simão Branco, fanzine em que participei por três anos.
Em Janeiro de 1991 eu criei o meu próprio, inicialmente chamado “Vortex” (baseado na sociedade artificial futurista do filme Zardoz, de 1973), e que a partir do número 7 passou a se chamar “Juvenatrix” (nome original de um filme obscuro americano de horror de 1989). Esse fanzine tinha formato A4 impresso em papel com volumes de 20 a 30 páginas, até o número 107. A partir do número 108, passou para virtual em formato PDF, distribuído por e-mail. Já chegou aos 23 anos de publicação com 149 edições até o momento e na marca das 3.945 páginas. AtivoE criei também, em Janeiro de 1995, o “Astaroth” (nome de um demônio do filme “Uma Filha Para o Diabo”, de 1976 e com Christopher Lee), que foi em formato A4 impresso em papel com 6 páginas, até o número 57, publicando contos e artigos curtos e grande quantidade de divulgação de produção alternativa, como outros fanzines, bandas de metal extremo, eventos, etc., além de notícias e comentários de shows. A partir do número 58, passou para virtual em formato PDF, distribuído por e-mail. Esse fanzine completou 13 anos e 63 edições. Suspenso."

***Megalon (citado acima) é outro que está disponível em pdf no blog do César Silva (extinto zine Hiperespaço) o zine acabou mas sua história de sucesso fica. Baixe e confira porque é considerado um dos melhores. Valeu pela contribuição Marcelo Branco (editor) - (http://mensagensdohiperespaco.blogspot.com.br) Já ia esquecendo, este site do Cesar é outro que mereçe entrar na lista galera, as resenhas e opiniões, sempre muito bem escritas, são indispensáveis aos fãs de literatura fantástica e quadrinhos.

***O excelente zine de quadrinhos Acunha também está disponível para download em pdf. As antigas edições deste zine de quadrinhos de Marcos Garcia, que trazia a participação de gente muito talentosa como Gilvan Lira e Adrovando, além do trabalho do próprio Marcos, é de primeira grandeza. Falei recentemente com o editor deste clássico e  ele promete uma nova edição  impressa em breve, o que é uma ótima notícia. Confiram em (http://marcosacunha.blogspot.com.br

*** O talentoso artista Félix Reiners também está de volta, através da Atomic. Além da capa de Monstros 1 / JJ, ele produz neste momento HQ inédita para o zine Quadritos. Quem se lembra do zine Many Comics deve lembrar do baita artista/roteirista que é o Félix, então só nos resta aguardar para curtir o trabalho do cara.

*** As tiras Sim Sistema! estão a todo o vapor. O artista Batata (Refluxo) é o desenhista desta série de tiras de humor negro/nonsense que criei livremente inspirada em Não Sistema!, de Joacy. Deve estrear em Quadritos 11. Sou suspeito pra falar (afinal sou o roteirista da série) mas o Batata faz um trabalho maravilhoso com a série.

*** Tenho cerca de cinco roteiros prontos, a espera de desenhistas para publicação: Angela, de suspense com inspiração em Alfred Hitchcock (fechada); o primeiro capítulo de Cidade Eterna, série ambientada na Roma pré invasões bárbaras; DJ pachá, outra alegoria com um pé no suspense e terror (fechada); o primeiro capítulo de Novos Contos Fictícios (que deve virar outro especial num futuro breve) com a história maluca de Pascoal; a história de guerra/suspense/terror chamada "A trincheira pode ser um bom lugar pra ficar...". Quem estiver interessado em encampar algum destes trabalhos para a publicação em meus fanzines ou mesmo em outras publicações, é só entrar em contato.

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